Redes de Atenção à Saúde

É imperativo que os modelos de atenção à saúde, bem como suas redes de atenção, estejam organizados para suprir as atuais necessidades de saúde dos brasileiros. Vivemos atualmente uma realidade fortemente influenciada pela transição demográfica e epidemiológica que se expressa por uma tripla carga de doenças, como pode ser observado na Figura 2.

Nesse contexto, esperamos que a Atenção Primária à Saúde:

  • Seja eficiente para atender de forma resolutiva a maior parte dos problemas de saúde da população;

  • Coordene as referências, contrarreferências, informações e demais etapas que compreendam as redes de atenção à saúde; e

  • Se responsabilize pela vigilância em saúde do território e população adscrita.

Tais atribuições são complexas e seu sucesso depende de investimentos em infraestrutura e mão de obra, profissionais qualificados e gestão eficiente dos processos de trabalho e dos serviços que compõem a rede.

Segundo Mendes (2011), as redes de atenção à saúde são organizações poliárquicas de conjuntos de serviços de saúde, vinculados entre si por objetivos comuns e por uma ação cooperativa e interdependente, que permitem ofertar uma atenção contínua e integral a determinada população. Deseja-se que a assistência seja prestada no tempo certo, no lugar certo, com o custo certo, com a qualidade certa, de forma humanizada e segura e com equidade.

A organização dos serviços de saúde a partir das redes implica em valorizarmos ainda mais o compartilhamento da assistência entre profissionais, equipes e serviços. Exige entendermos a gestão para além de ações burocráticas, como sendo o processo de tomada de decisões que viabilizem os preceitos do SUS na prática. Destacamos que os preceitos iniciais que fundamentaram a Atenção Primária a Saúde não estão sendo abandonados, ao contrário, precisam ser efetivados na íntegra. Sobre o tema, Starfield (2004) destaca:

 

A atenção primária se diferencia dos outros níveis assistenciais por quatro atributos característicos: atenção ao primeiro contato, longitudinalidade, integralidade e coordenação. Destes quatro atributos, a longitudinalidade tem relevância por compreender o vínculo do usuário com a unidade e/ou com o profissional. A população deve reconhecer a Unidade como fonte regular e habitual de atenção à saúde, tanto para as antigas quanto para as novas necessidades. Já o profissional deve conhecer e se responsabilizar pelo atendimento destes indivíduos. A longitudinalidade está fortemente relacionada à boa comunicação que tende a favorecer o acompanhamento do paciente, a continuidade e efetividade do tratamento, contribuindo também para a implementação de ações de promoção e de prevenção de agravos de alta prevalência (STARFIELD, 2004).