Conclusão

Trabalhar com famílias é tão interessante quanto desafiador. Vimos que existem muitas possibilidades de composição familiar e que nenhuma delas é garantia absoluta de saúde, felicidade e crescimento. É fundamental que, como profissionais de saúde, possamos tentar compreender o funcionamento familiar sem recorrer a modelos preconcebidos.
Importa, acima de tudo, identificar obstáculos e potencialidades para o desenvolvimento de um funcionamento saudável. Grupos familiares enfrentam desafios, mudanças e riscos o tempo todo. Alguns estão em situações de maior vulnerabilidade e, entre estes, certamente estão muitas das famílias atendidas pela ESF.
Finalmente, é importante reforçar que resiliência não é sinônimo de invulnerabilidade ou autossuficiência. Seu processo envolve a capacidade de atravessar as adversidades sem negar os sentimentos, dúvidas e temores que elas geram, procurando atribuir-lhes algum significado e extraindo crescimento da experiência.
As relações familiares podem ser fonte de resiliência, e os profissionais de saúde da ESF não só podem estimular esse processo, como também ser parte integrante dele, colocando-se como elementos de acolhimento, apoio e promoção da saúde do sistema familiar. Também devem estar instrumentalizados e confiantes de que são fontes preciosas de apoio.
A compreensão dos movimentos familiares apresentados neste capítulo, a avaliação de risco e a prática da clínica ampliada, tendo o projeto terapêutico singular como metodologia de eleição, devem ser um objetivo a ser alcançado por todas as equipes.