O GENOGRAMA

O genograma é outro instrumento interessante para ampliar o conhecimento sobre as famílias. Trata-se de uma representação gráfica do sistema familiar, preferencialmente em três gerações, que utiliza símbolos padronizados para identificar os componentes da família e suas relações. Os terapeutas familiares utilizam-no como estratégia para avaliação e intervenção. Algumas equipes da ESF já o empregam para visualização dos agravos de saúde e planejamento de ações.

A seguir, apresentamos os símbolos mais correntemente utilizados em genogramas e um exemplo comentado:

Figura 6: Genograma – símbolos


Figura 7: Exemplo de genograma

Neste exemplo, temos a representação gráfica de uma família e de alguns de seus relacionamentos. No caso, estão presentes quatro gerações. Temos o primeiro casal, em que o homem é falecido e teve um relacionamento paralelo ao casamento que gerou uma filha. Na geração seguinte, há uma mulher que tem três filhos vivos de três relacionamentos diferentes. Teve também um falecido, e a causa da morte está explicitada. Uma de suas filhas tem um filho de um relacionamento informal. A linha tracejada que vai do indivíduo C até as filhas de K indica que ele as adotou. A linha que envolve parte do sistema indica que residem juntos. Como se trata de um exemplo, não utilizamos todas as informações, mas sempre que possível, é interessante colocar nomes, datas dos casamentos, mortes e outros dados que sejam pertinentes para o caso.
Há também uma representação das relações de acordo com um tipo de padronização existente. Verificamos que K sofreu abuso sexual dos 12 aos 18 anos e P é fruto desse relacionamento. A outra filha de K, chamada V, foi abusada pelo padrasto C. O relacionamento entre K e suas filhas está representado no triângulo: confuso entre K-P; fechado entre K-V; e conflituoso entre V-P. Também é destacado que o bebê de um ano sofreu vários acidentes. Por meio desta representação, sabemos que se trata de uma família em que a violência está presente e os relacionamentos não são satisfatórios.

O genograma é como uma foto de um determinado momento e pode ser refeito quando ocorrem mudanças significativas. As equipes da ESF não realizam intervenções psicoterapêuticas, mas têm condições de identificar pontos de conflito que podem dificultar suas ações de promoção de saúde e realizar os devidos encaminhamentos. Além disso, podem empregar esse instrumento para identificar a presença de problemas de saúde, pessoas que necessitam de cuidados especiais e outros pontos de interesse para suas intervenções.

A vantagem do genograma é que apresenta um modo sucinto e universal de representação do grupo familiar, compreensível por todos que o conhecem, evitando textos longos e muitas vezes pouco precisos e operacionais na descrição do grupo familiar. O genograma também pode servir como ferramenta de conversação, seja com a família, seja com a equipe, visando à escuta de diversos pontos de vista sobre cada realidade e a construção simultânea de uma única forma – muitas vezes acaba servindo como instrumento terapêutico, constituindo uma estratégia de vinculação, consenso e exposição dialogada acerca do grupo familiar.