Sandra e Sofia
Julie Silvia Martins e Marcelo Marcos Piva Demarzo
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Contextualização

Introdução

Este caso nos permite uma ampla discussão sobre situações comuns na rotina da Saúde da Família. Além de aspectos da abordagem familiar, traz à tona o cuidado de problemas de saúde mental e da saúde da criança na Atenção Primária à Saúde (APS).


Créditos: Marabuchi

Galera e Luis (2002), discutindo alguns conceitos que fundamentam a abordagem sistêmica da família, trazem um exemplo dado por Wright e Leahey (2000) que ilustra muito bem o caso em pauta. Trata-se de uma analogia que compara a família a um móbile, evidenciando que o móbile é composto de várias peças, mas quando tocamos em uma delas, imediatamente influenciamos os movimentos das outras, e, após algum tempo, o móbile retorna ao seu movimento balanceado, mas não necessariamente da mesma forma que antes de ser tocado.

O caso de Sandra e Sofia revela de uma forma clara a intrínseca relação entre as condições de saúde dos membros em um sistema familiar. Os problemas que Sandra vinha apresentando acabam se refletindo em todo o ambiente familiar e na saúde de seus membros. É comum que as famílias vivenciem problemas, e a habilidade em manejá-los é fundamental para o crescimento e a sobrevivência do grupo familiar.

Teoricamente, as crises dos ciclos vitais familiares podem ser previsíveis, estando presentes nos vários ciclos de vida familiar; ou mesmo imprevisíveis, tal como falecimento inesperado de um membro, desemprego, divórcio etc. Definir a qual ciclo de vida familiar a família está é importante, pois ajuda a compreender as principais necessidades dessa família, os trabalhos preventivos a serem desenvolvidos, esclarecimentos sobre as questões específicas do ciclo – auxiliando a família a resolver problemas, ou seja, oferecendo ajuda específica para a fase vivenciada. A partir do princípio da longitudinalidade, observamos as mudanças e a reorganização do grupo familiar na passagem de uma fase para outra, dando apoio às necessidades vigentes (FERNANDES; CURRA, 2006). São ciclos convencionais para as famílias de classe média e alta (FERNANDES; CURRA, 2006):

  • adultos jovens independentes;
  • nascimento do primeiro filho;
  • família com filhos pequenos;
  • família com filhos adolescentes;
  • ninho vazio: a saída dos filhos;
  • aposentadoria;
  • família no estágio tardio: a velhice.

São os ciclos convencionais para as famílias de classe popular (FERNANDES; CURRA, 2006):

  • família composta de jovem adulto;
  • família com filhos pequenos;
  • família no estágio tardio.

De acordo com a classificação proposta por Fernandes e Curra (2006), não restam dúvidas de que a família de Sandra enquadra-se no ciclo "família com filhos pequenos", que vem acompanhado de uma problemática específica a esse ciclo familiar, agravada de certa forma em decorrência da depressão pela qual Sandra vem passando.

Especialização em Saúde da Família
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