Indicadores de Saúde
Todos os trabalhadores de saúde têm a necessidade de conhecer seu público, território, suas interelações nesse meio ambiente, suas características sociais e muito mais. Mas como fazê-lo? Sem essa resposta, fica difícil planejar ações que sejam efetivas na mudança de uma dada realidade. Então, o que fazer? Onde procurar essas respostas?
Podemos definir Indicadores de Saúde como instrumentos utilizados para medir uma realidade, como parâmetro norteador, instrumento de gerenciamento, avaliação e planejamento das ações na saúde, de modo a permitir mudanças nos processos e resultados. O indicador é importante para nos conduzir ao resultado final das ações propostas em um planejamento estratégico.
Mas como escolher o melhor indicador? Como ele é construído? O que é necessário para que esse indicador seja o mais adequado a uma situação?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reuniu na década de 1950 um comitê que pudesse propor um método capaz de definir e avaliar o nível de vida de uma população. Porém, chegou-se à conclusão de que seria impossível construir um único índice. Foi sugerido então que cada um dos 12 itens propostos deveria ser avaliado separadamente. Conheça-os:
1. Saúde, incluindo condições demográficas;
2. Alimentos e nutrição;
3. Educação, incluindo alfabetização e ensino técnico;
4. Condições de trabalho;
5. Situação de emprego;
6. Consumo e economia gerais;
7. Transporte;
8. Moradia, incluindo saneamento e instalações domésticas;
9. Vestuário;
10. Recreação;
11. Segurança social;
12. Liberdade humana.
Para o profissional da saúde, é importante conhecer o primeiro indicador proposto, Saúde e Condições Demográficas, no qual o Indicador de Saúde deve expressar as condições de saúde de um indivíduo ou de uma população. Quando falamos de Indicadores em Saúde no Brasil, é importante saber um pouco a respeito da Rede Interagencial de Informações para a Saúde (RIPSA), criada a partir da implementação pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em 1995 da Iniciativa Regional de Dados Básicos em Saúde, com objetivo de difundir informações a respeito da situação e tendências na saúde nos países da América Latina. No Brasil, houve a criação da RIPSA por meio de um grupo de trabalho com representantes do Ministério da saúde, OPAS e outras instituições de informação em saúde (IBGE, ABRASCO, IPEA, FMUSP), que teve sua formalização em Portaria ministerial no ano de 1996.
A RIPSA tem como objetivo estabelecer as bases de dados e informações produzidos no país; articular participação de instituições para produção e análise de dados; implementar mecanismos de apoio à produção de dados e informações; promover intercâmbio entre subsistemas de informação da administração pública; contribuir para estudos e compreensão do quadro sanitário brasileiro; fomentar mecanismos que promovam o uso de informação em processos decisórios na SUS. (RIPSA, 2012).
Os Indicadores disponíveis para consulta na web pela RIPSA em seu site no link: http://fichas.ripsa.org.br/2012/ , de forma agrupada são:
Demográficos - Medem a distribuição de fatores determinantes da situação de saúde relacionados à dinâmica populacional na área geográfica referida;
Sócioeconômicos - Medem a distribuição dos fatores determinantes da situação de saúde relacionados ao perfil econômico e social da população residente na área geográfica referida;
Mortalidade - Informam a ocorrência e distribuição das causas de óbito no perfil da mortalidade da população residente na área geográfica referida;
Morbidade - Informam a ocorrência e distribuição de doenças e agravos à saúde na população residente na área geográfica referida;
Fatores de Risco e de Proteção - Medem os fatores de risco (por ex. tabaco, álcool), e/ou proteção (por ex. alimentação saudável, atividade física, aleitamento) que predispõe à doenças e agravos ou, protegem das doenças e agravos;
Recursos - Medem a oferta e a demanda de recursos humanos, físicos e financeiros para atendimento às necessidades básicas de saúde da população na área geográfica referida;
Cobertura - Medem o grau de utilização dos meios oferecidos pelo setor público e pelo setor privado para atender às necessidades de saúde da população na área geográfica referida. (RIPSA, 2012)
Podemos obter dados em outros locais, dentre este podemos citar o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Sistema Estadual de Análise de Dados (SEAD) são instituições que disponibilizam à população informações relacionadas à situação demográfica, à situação socioeconômica, à saúde, ao trabalho, entre outras, sendo, portanto, importante fonte para pesquisas relacionadas. Atualmente, com os recursos tecnológicos existentes, não é difícil você encontrar a descrição de um indicador, sua aplicabilidade, sua fonte de dados, suas limitações. O importante é escolher o que melhor se aplicar ao seu objetivo.
Os indicadores de saúde são usados como ferramenta para identificar, monitorar, avaliar ações e subsidiar as decisões do gestor. Por meio deles é possível identificar áreas de risco e evidenciar tendências. Além desses aspectos, é importante salientar que o acompanhamento dos resultados obtidos fortalece a equipe e auxilia no direcionamento das atividades, evitando assim o desperdício de tempo e esforços em ações não efetivas.
Considerando a informação como subsídio para o planejamento de uma equipe de trabalho, precisaremos escolher quais indicadores serão usados em nosso planejamento, quando então, a partir desta escolha, vamos refletir a respeito dos instrumentos de coleta de dados, uma vez que a "alimentação" correta destes instrumentos é condição necessária para obtenção do resultado final do processo que reflita as situação real, qualquer inconsistência neste resultado, comprometerá o valor da informação, portanto, quanto mais simples e compreensível for o instrumento de coleta, melhor será essa captação e seu resultado final.
O monitoramento deste processo, desde a captação do dado até os relatórios finais é imprescindível, pois a confiança do usuário no indicador está relacionada à segurança de que a informação obtida reflete uma realidade e não mera percepção não fundamentada.