A equipe decide realizar uma nova visita domiciliar para tentar compreender melhor as razões de seu embotamento afetivo e de sua fala recorrente sobre ser desgraçado. Entendem que, a princípio, a implementação de qualquer tratamento necessita de uma base psicológica mais sólida e consistente, para não correrem o risco de Moacir abandonar o processo pela metade. Marcos e Cléo participam da visita e descobrem os seguintes fatos:
Moacir já foi casado com uma mulher chamada Josefa, com quem teve um filho, Joaquim, de 5 anos. O menino é fruto de um casamento que não deu certo por conta do álcool e da violência doméstica. O estopim do relacionamento foi uma doença sexualmente transmissível que a esposa descobriu ter já há algum tempo, o que teria inclusive prejudicado a criança.
Moacir teve alguns empregos registrados na metalurgia e na marcenaria. Mas era sempre demitido pelo uso abusivo de álcool. Chegou a receber apoio da ONG da cidade, mas sempre recaía na bebida.
Após a separação da esposa, foi morar com a mãe, mas era constantemente atormentado pelos irmãos por conta de seu vício. Há cerca de um ano e meio começou a sentir dificuldade para andar e para fazer seus artesanatos, mas achou que era devido ao alcoolismo. E há um ano resolveu morar na rua, após testemunhar o assassinato do seu melhor e único amigo, durante uma briga de bar. Comprou a Kombi velha que logo virou sucata e tornou-se um lar para ele.
Tem ciência do prejuízo que as drogas, principalmente a bebida, causam em sua vida. Nos últimos tempos, entretanto, aumentou o uso de álcool para aliviar a dor de dente. Diz que já tentou parar, mas que sempre passa mal e prefere voltar a beber. E que não gosta muito de crack, mas começou a fazer uso esporádico da droga devido à companhia de Joca, seu único amigo no momento.
Moacir relata também que sente-se um lixo igual ao pai, que vivia bêbado e batia na sua mãe, nele e nos irmãos. E que acredita que terá o mesmo destino do pai, assassinado em um boteco após uma briga.