Dentre os inúmeros problemas que as mulheres podem apresentar num encontro com profissional de saúde, este curso tratará especificamente dos seguintes:
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✔ Corrimentos vaginas;
✔ Dor pélvica;
✔ Sangramento uterino anormal.
A abordagem descrita considera o trabalho multiprofissional na Atenção Básica e foram extraídos dos Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres/Ministério da Saúde.
Os protocolos são apresentados no formato de fluxogramas, trazendo os passos do cuidado desde o primeiro contato da mulher na Unidade Básica de Saúde. Inclui plano de cuidados, considerando essencialmente as categorias profissionais habilitadas para o manejo daquele problema do ponto de vista técnico e ético-legal, para realizarem as atividades ou os procedimentos indicados. Em algumas situações, apresenta-se um quadro inicial referente aos sinais de alerta, que contém: i) por um lado, os sinais, sintomas e dados clínicos que podem remeter a um risco mais elevado; e ii) por outro, as situações que necessitam de avaliação clínica em caráter de urgência/emergência ou prioritária (condições em que se pode prever alguma gravidade, embora sem risco de vida iminente no momento primordial da avaliação).
Corrimento Vaginal e Cervicites
1. Quadro-síntese para tratamento de corrimento vaginal e cervicite 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8
CAUSA | COMO IDENTIFICAR/AVALIAR | O QUE FAZER | ||||||
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Agente etiológico | Características clínicas | Teste de apoio diagnóstico | Orientações | Tratamento medicamentoso | Alternativa | Gestante/nutrizes | Observações | |
Mucorreia | Fisiológico | No exame especular, mostra ausência de inflamação vaginal e muco claro e límpido. |
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Orientar sobre a fisiologia normal da vagina e as relações com a idade e oscilações hormonais | - | - | - | - |
Vaginose citolítica | Síndrome de crescimento excessivo do lactobacillus ou citólise de Döderlein |
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Ducha vaginal com bicarbonato (4 xícaras água morna com 1-2 colheres de sopa de bicarbonato de sódio), 2x/ semana, a cada 2 semanas. | - | - | - | O tratamento é dirigido no sentido de reduzir o número de lactobacilos por elevar o pH vaginal. |
Candidíase vulvovaginal |
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Orientar medidas higiênicas:
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A primeira escolha é a via vaginal:
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A candidíase recorrente (quatro ou mais episódios em um ano) necessita de cultura para cândida, visando à identificação de
cepas não albicans, que são resistentes aos tratamentos habituais – reforçar medidas higiênicas, investigar doenças imunossupressoras.
Tratar parceiro SOMENTE se for sintomático. Nos demais casos, este tratamento não traz benefícios. |
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Vaginose bacteriana |
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Tricomoníase | Trichomonas vaginalis |
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Notificação das IST, conforme a Portaria Nº 1271, de 6 de junho de 2014. As demais, se considerado conveniente, notificar de acordo com a lista estabelecida nos estados/municípios |
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Gonorreia | Neisseria gonorrhoeae |
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Primeira escolha:
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Clamídia | Chlamydia trachomatis |
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Primeira escolha: Azitromicina, 1 g, VO, dose única Segunda escolha:
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Fonte: adaptado de Naud et al.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de controle das doenças sexualmente transmissíveis. Brasília, 2005.
BRASIL. Ministério da Saúde.HIV/aids, hepatites e outras DST. Brasília, 2006. (Caderno de Atenção Básica, n. 18)
NAUD, P et al. Secreção vaginal e prurido vulvar. In: DUNCAN, Bruce B; SCHIMIDT, Maria Ines; GIUGLIANI, Elsa R. J. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 460-464.
U.S. DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES. Centers for Disease Control and Prevention. Sexually Transmitted Diseases. Treatment Guidelines, 2010. Atlanta, 2010. (Morbidity and Mortality Weekly Report – MMWR, v. 59, n. RR-12). Disponível em: http://www.cdc.gov/std/treatment/2010/STD-Treatment-2010-RR5912.pdf. Acesso em: 1 set.2014.
MENEZES, R. A. Corrimento vaginal. In: GUSSO, G.; LOPES, J.M.C. (Org.). Tratado de medicina de família e comunidade: princípios, formação e prática. Porto Alegre: Artmed, 2012. p.1019-1026.
SOUTH AFRICA. The National Department of Health. Primary Care 101 Guideline 2013/14. Symptom-based integrated approach to the adult in primary care. Cape Town, 2013.
SURESH, A. et al. Cytolytic vaginosis: a review. Indian Journal of Sexually Transmitted Diseases and Aids, Mumbai, v. 30, n. 1, p. 48-50, Jan.-Jun. 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT): atenção integral às pessoas com infecções sexualmente transmissíveis (IST). Brasília, 2015. Versão sob consulta pública.